


GONÇALO BYRNE (PORTUGAL)

PALESTRA MAGNA
25/04/2014
Fundador e Diretor Executivo do atelier de Arquitetura Gonçalo Byrne Arquitectos Ltda. Diversificados em termos de escala, de tema e de programa, os trabalhos mais recentes abrangem no seu conjunto projetos que vão desde o planejamento urbano ao desenho de espaço público e de edifícios, à gestão de projeto, desenvolvimento e sustentabilidade. Ao longo dos últimos 35 anos, o trabalho de Gonçalo Byrne tem sido amplamente reconhecido, premiado e divulgado, quer através de publicações, quer de exposições ou iniciativas de divulgação cultural a nível nacional e internacional.
Mediador:
Gilson Paranhos
Conselheiro Vitalício do IAB
Palavras-chaves: cidade, urbanização, desenvolvimento, isolamento

Com a ascensão social da população, as exigências desta passaram a se relacionar com temas de natureza urbana, como a qualidade dos espaços públicos, mobilidade urbana e sustentabilidade, forçando os gestores a lidar com tais desafios e os arquitetos a contribuir para cidades mais inclusivas. Dentro desse contexto, é pertinente pensar na questão da identidade como reflexo das mudanças na sociedade, conforme o dinamismo do conjunto de valores da humanidade, evoluindo e recriando-se ao longo dos anos.
A cidade de Lisboa, por exemplo, erguida no século XVIII, foi praticamente destruída por um terremoto e, posteriormente, reconstruída, buscando se aproximar ao máximo do patrimônio histórico que possuía. Nesse sentido, para estabelecer o conceito de um edifício icônico, antes, ele deve ser reconhecido pela sociedade como um símbolo da cidade. Para trabalhar no ambiente histórico, o arquiteto tem que estar acompanhado de profissionais qualificados, como arqueólogos, historiadores, que devem permanecer acompanhando o andamento da obra durante toda a sua execução, já que novos fatores vão surgindo ao longo do tempo. A ideia de que o patrimônio antigo é unitário e estático no tempo é equivocada, pois as transformações sofridas por ele são resultado da transformação de identidade, que continua sendo refeita ao longo do tempo. A identidade da história é feita de sucessivas contemporaneidades, transformando o arquiteto em um agente de condição de contemporaneidade. Por isso, é fundamental o domínio da história para o arquiteto, pois ela é a única disciplina que conscientiza o profissional de que sua ação sempre estará inserida no tempo longo da cidade uma vez construída. O ofício do arquiteto é como o de um remador, no qual este tem que olhar para o passado e seguir em direção ao futuro.