Palavras-chaves: paisagem, nordeste, capela, sertão

No presente, há um fenômeno no campo artístico em que a arte sai das galerias e parte para as ruas. O mesmo já aconteceu na arquitetura, no instante em que a paisagem urbana passa a ser uma conurbação entre a arquitetura e a paisagem local ou natural. Seguindo este pensamento, observou-se que a forma de fazer arquitetura no Nordeste, por exemplo, é diferente da que é feita em outras regiões brasileiras. Enquanto os prédios no Sul e Sudeste são construídos de forma a buscar o sol, os nordestinos se escondem da luz e do calor, criando ambientes que valorizam a sombra e aproveitam o vento. O clima favorece um tipo de arquitetura que só é possível nesta região. Um exemplo é a capela do cemitério de Delmiro Gouveia, no sertão alagoano, que foi projetada em forma geométrica de uma cruz inclinada, que se repete, nas hastes metálicas. A ideia do projeto é a repetição de seis cruzes, gerando um espaço habitável, onde se localizam as atividades mortuárias. Como um cactos de metal, a capela surge, assim, pela imagem de um oásis de sombra na paisagem agreste. Por fim, a cruz inclinada, associada à própria definição estrutural do edifício, atinge um grau elevado de interação com o cenário do sertão alagoano.