


PABLO BENETTI (RJ)

PALESTRA GRUPO TEMÁTICO - Habitação - 25/04/2014
Política habitacional e construção de cidade
Arquiteto, Msc, PhD. Ganhador dos concursos Rio Cidade, Favela- Bairro e Morar Carioca. Premiado pelo IAB em 1987, 1996, 2001 e 2007. Diretor da Faculdade da Arquitetura e Urbanismo FAU –UFRJ 2002 -2006. Responsável pela elaboração do Plano Diretor UFRJ 2020.
Em 1950, o Brasil tinha 20 milhões de habitantes e 36% da população urbana. Em 2000, eram 138 milhões de habitantes e 81% da população nas cidades. Dos 30 milhões de moradias necessárias para alojar esta população dos anos 2000, 26 milhões foram feitos sem apoio estatal. O Brasil se fez urbano sob o jugo de uma ditadura militar (1945-1964), onde qualquer reunião de mais de duas pessoas era considerada subversiva. O resultado disto foi a dificuldade em exigir alguma ajuda do Estado aos pobres na construção do Brasil urbano, aliada a uma natural exacerbação do individualismo pela impossibilidade de ações coletivas. Duas foram as formas predominantes de edificar as cidades da pobreza: as favelas e os loteamentos periféricos. Para os pobres urbanos, restou uma cidade sem infraestrutura, com parca mobilidade, sem água e esgoto, sem investimentos significativos, construída sem auxílio do Estado. Nossas cidades devem ser re-construídas, qualificadas pelo investimento do Estado nos territórios onde este esteve ausente durante muitos anos. A política habitacional orientada por este raciocínio deve contribuir para a reconstrução urbana, e não pode ser uma máquina perversa de fabricar periferia. A oferta de novas habitações com a permissão e conluio dos poderes municipais não pode apenas satisfazer os interesses do mercado, estendendo indefinidamente a cidade em locais de baixa densidade. Se nós conquistamos a democracia estamos muito longe de ter conquistado a gestão democrática das cidades, onde os investimentos decididos pela maioria poderiam resgatar a dívida social dos Anos de Chumbo.
Palavras-chave: favela, infraestrutura, construção

