A Zona Leste de São Paulo é, historicamente, o espaço da classe trabalhadora na capital paulista e o grande caldeirão dos movimentos sociais. Na redemocratização dos anos 80, falava-se em uma Universidade do Trabalhador, mas a maneira pejorativa de se entender esse tipo de ensino era de que ele deveria ser uma espécie de curso profissionalizante. No entanto, o objetivo do projeto era gerar uma emancipação crítica, cultural e simbólica e não apenas servir de treinamento do trabalhador para o mercado. Essa universidade ficou na memória da Zona Leste e, até hoje, ainda não foi, de fato, implantada. Pelo contrário, a região foi um dos terrenos mais férteis para a criação de universidades privadas. Existe um antagonismo sistêmico entre a maneira de o capital fazer as cidades e a forma como os trabalhadores que vivem e pensam a cidade como um lugar para se viver, gostariam que ela fosse. Partiu desse pensamento a iniciativa da Universidade Federal de São Paulo de criar o “Instituto da Cidade”, localizado no campus da própria Zona Leste. Nele serão criados cursos como Engenharia Civil, Engenharia de Mobilidade e Transportes, Arquitetura e Urbanismo, entre outros. A ideia é pensar a cidade como nexo fundamental dos direitos da cidadania e apresentar uma formação dirigida à perspectiva pública.