


SILKE KAPP (MG)

PALESTRA GRUPO TEMÁTICO - Ética, formação e responsabilidade social
24/04/2014
Profissão de arquitetos e urbanistas pressupõe uma sociedade capitalista
Arquiteta, mestre e doutora em Filosofia, professora da Escola de Arquitetura da UFMG e coordenadora do Grupo de Pesquisa MOM (Morar de Outras Maneiras). Suas publicações nacionais e internacionais concentram-se na abordagem teórico-crítica da produção do espaço cotidiano.
A profissão dos arquitetos e urbanistas pressupõe uma sociedade desigual porque depende da divisão de trabalho material e trabalho intelectual. Mais especificamente, a profissão implica uma sociedade em que impere o modo capitalista de produção. O capitalismo precisa de crescimento e crescimento significa geração de valor, produzido pelo trabalho humano. Para determinada produção ser lucrativa, a remuneração pelo trabalho deve possuir um valor mais baixo. Nesse sentido, de maneira geral, essa realidade parece estar longe das consciências dos arquitetos. Profissionais acreditam que fazendo projetos bem feitos a situação estabelecida pelo capital pode mudar, o que não ocorre. Isso não significa, porém, que os arquitetos não possam aproveitar os recursos disponibilizados pelas empresas para a construção de bons projetos. Mas não se deve pensar ingenuamente, como se essa fosse a solução de uma contradição que é estrutural. Ou seja, vivemos em uma condição econômica que exige desigualdade. Se, eventualmente, consegue-se estabelecer usos mais abertos e democráticos ao espaço resultante ou dar valor simbólico ao equipamento urbano popular, por outro lado, é fomentado o processo produtivo que está na origem daquelas mesmas desigualdades que se pretende combater.
Palavras-chaves: processo produtivo, capitalismo, desigualdade